- Pode dizer-nos onde servem comida? - perguntou Gordon.
O homem parecia estar à espera da pergunta e experimentar uma espécie de prazer íntimo com ela. - Não contem com comida - replicou, sem erguer os olhos da água. - Pelo menos, aqui.
- Então, não há um único botequim nas redondezas? Fartámo-nos de andar desde- Farnham Common.
Fungou e deu a impressão de reflectir, continuando a olhar a bóia da improvisada cana de pesca.
- Tentem a sorte no Hotel Ravescroft. Fica a uns dois quilómetros e meio daqui. Penso que lhes servirão alguma coisa. Se estiver aberto, claro.
- Mas estará?
- Tanto pode ser que sim como que não - declarou o imperturbável pescador.
- Pode dizer-nos as horas? - interpôs Rosemary.
- Passam dez da uma.
Os dois cisnes seguiram-nos ao longo da água por alguns metros, sem dúvida na expectativa de que lhes dessem de comer.
As esperanças de que o Hotel Ravenscroft estivesse aberto pareciam remotas, pois a local ida de tinha o aspecto desolador de uma estância de veraneio durante o Inverno. As paredes de madeira dos bangalós exibiam rachas, a tinta branca escamações e as janelas poeirentas interiores desocupados. As próprias máquinas de fichas dispostas ao longo da margem achavam-se avariadas. Havia outra ponte ao fundo da vila, e Gordon soltou uma imprecação.
- Fomos parvos em não entrar naquele botequim!
- Tenho tanta fome! E se voltássemos para trás?
- Para quê? Não há um único no caminho por onde viemos. Temos de seguir em frente. Suponho que o hotel fica no outro lado daquela ponte. Se aquilo é uma estrada principal, deve estar aberto. De contrário, adeus almoço!
Arrastaram-se até à ponte, porque os pés martirizados não lhes permitiam uma locomoção normal. Mas avistaram por fim aquilo que procuravam, pois do outro lado, numa espécie de caminho particular, erguia-se um hotel de aspecto convidativo, cujo relvado das traseiras se prolongava até ao rio. E estava obviamente aberto.