Pagou os seis xelins e três pence e, antes de se voltar para a saída, largou mais um xelim na bandeja. O homem sopesou a moeda na palma da mão por um momento, olhou-a e guardou-a no bolso do colete, com ar de quem tratava de ocultar algo de inconfessável.
Enquanto seguiam pelo corredor, Gordon sentia-se desalentado... quase aturdido. Todo O' seu dinheiro voara de uma única assentada! Era uma ocorrência terrível. Quem o mandara entrar naquele maldito lugar? Agora, o dia ficara estragado, e tudo por causa de duas doses de carnes frias e uma garrafa de vinho com sabor a lodo! Em breve haveria que pensar no chá, restavam-lhe apenas seis cigarros e faltava pagar as passagens de camioneta de regresso a Slough, e só Deus sabia que mais - e ficara unicamente com oito pence para financiar tudo aquilo! Abandonaram o hotel com a sensação de que' tinham sido expulsos, impressão reforçada pelo estrondo da porta ao fechar-se atrás deles. Toda a terna intimidade de minutos atrás desaparecera. Tudo parecia diferente, agora que se encontravam cá fora. O sangue dir-se-ia circular mais frio ao ar livre. Rosemary caminhava um pouco adiante dele, um pouco enervada e silenciosa. Começava a assustar-se com o que decidira fazer. Gordon observava-lhe os membros delicados e robustos em movimento. Era o corpo que desejava desde longa data, mas agora que a oportunidade se apresentava intimidava-o. Queria que ela lhe pertencesse, possuí-la, mas ansiava porque já tivesse terminado tudo. Era um esforço - uma uma coisa a que acabara por se habituar. Surpreendia-o que a detestável visita ao hotel o tivesse transtornado daquela maneira. O ar despreocupado daquela manhã dissipara-se, substituído pela ideia persistente e familiar - a falta de dinheiro. Não tardaria a ver-se' compelido a confessar que só lhe restavam oito pence e pedir dinheiro emprestado a Rosemary para o regresso, O' que criaria uma situação quase sórdida e vergonhosa. Somente o vinho que ingerira lhe mantinha uma réstia de coragem.