O conforto do álcool e a hedionda sensação de dispor apenas de oito pence travavam luta renhida no seu íntimo, sem que se registasse supremacia de qualquer das partes envolvidas.
Uma vez entre os arbustos, descobriram uma alcova natural. Em três dos lados, havia leitos de espinheiros, sem folhas mas impenetráveis, e no outro via-se a encosta, ao fundo da qual se estendiam campos lavrados. Na base da colina, erguia-se uma construção de telhado baixo, pequena como uma casa de brinquedo, com chaminés sem fumo. Não se descortinava vivalma em parte alguma. Eles não podiam estar mais sós do que naquele local. A relva era da qualidade musgosa que cresce sob as árvores.
- Devíamos ter trazido um impermeável - observou ele, ajoelhando-se.
- Não faz mal. O chão está satisfatoriamente seco.
Gordon puxou-a para baixo a seu lado, beijou-a, tirou-lhe o chapéu, colocou-se em cima e voltou a beijá-Ia por todo o rosto. Ela conservava-se submissa por baixo, mais condescendente do que disposta a reagir. Não resistiu quando ele lhe procurou os seios. No entanto, no fundo do coração, ainda estava apreensiva. Fá-lo-ia sim, cumpriria a promessa implícita, não recuaria, porém isso não impedia que se sentisse assustada. E, Gordon, por seu turno, também estava na realidade semi-relutante. Decepcionava-o verificar quão pouco a desejava, naquele momento. O problema do dinheiro continuava a enervá-lo. Como pode um homem fazer amor com somente oito pence na algibeira e o pensamento permanentemente concentrado nisso? Em todo o caso, de certo modo, desejava-a, Na verdade, não podia passar sem ela. A sua vida modificar-se-ia a partir do instante em que se tornassem realmente amantes. Manteve-se em cima durante longos minutos, enquanto ela voltava a cabeça para o lado, contentando-se com pousar-lhe o rosto no pescoço e cabelo, sem tentar nada mais.
O Sol tornou a despontar das nuvens, agora mais baixo. Embora caminhassem devagar, em breve deixaram o rio para trás e se encontraram em terreno mais elevado.