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Capítulo 11: Capítulo 11

Página 223
Existia algo em Gordon que a desolava e assustava. Parecia ter mudado e mergulhado mais no abismo, quase repentinamente. Rosemary adivinhava, conquanto Gordon não o mencionasse, o desejo de se furtar a todo o esforço e decência, afundar-se na lama mais profunda. Não era somente ao dinheiro, mas também à própria vida que ele voltava as costas. Agora, já não discutiam tanto como outrora, antes de ele perder o emprego. Naqueles dias, ela prestara pouca atenção às suas absurdas teorias. As tiradas sobre a moralidade do dinheiro não passavam de meros gracejos entre ambos.

E parecia importar pouco que o tempo passasse e as possibilidades de ele ganhar a vida com decência serem infinitamente remotas, porque ainda se considerava uma jovem de futuro não menos ilimitado. Vira-o desperdiçar dois anos da sua vida - dois anos da vida dela, igualmente - e afigurara-se-lhe pouco generoso protestar.

Mas agora começava a alarmar-se. O carro alado do tempo aproximava-se rapidamente. Quando Gordon perdeu o emprego, ela compreendeu subitamente, com a sensação de ter feito uma descoberta surpreendente, que afinal não era muito jovem. O trigésimo aniversário dele já pertencia ao passado e o de Rosemary não distava muito. E que se apresentava à sua frente'? Gordon mergulhava, sem reagir, no malogro cinzento e irremediável. Na realidade, parecia querer mergulhar. Que esperanças lhes restavam de um dia virem a casar? Ele sabia que ela tinha razão. A situação era impossível. E assim, criava raízes nas mentes de ambos, a ideia ainda não aflorada de que teriam de se separar - para sempre.

Certa noite, tinham combinado encontrar-se sob o viaduto do caminho-de-ferro. Fazia um tempo horrível de Janeiro - sem nevoeiro, por uma vez, mas soprava um vento desabrido que varria todos os cantos das ruas e atirava papéis e poeira aos rostos dos transeuntes. Gordon chegou primeiro e aguardou - um vulto encolhido, mal trajado, quase andrajoso, cabelos agitados pelo vento. Rosemary foi pontual, como sempre. Correu para ele, puxou-lhe o rosto para baixo e beijou a face fria.

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pág. 223 (Capítulo 11)

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Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 223

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251