platinada. E, aqui para nós, não se pode dizer que seja uma inexperiente. Dei-lhe uma amostra do nosso Sexapeal Naturetint, ontem à noite.
Gostava que tivesse visto a maneira como abanava o rabo para mim, quando passou junto da minha mesa. Provoca-me cá umas palpitações! Não sei se lhe diga, se lhe conte...
Flaxman contorceu-se com luxúria. A língua aflorou entre os dentes. De repente, fingindo que' Gordon era a barmaid loura platinada, agarrou-o pela cintura e apertou-o com ternura. Gordon repeliu-o com prontidão. Por instantes, o desejo de visitar o Crichton Arms foi tão avassalador que quase o dominou por completo. O que não daria por uma caneca de cerveja! Parecia que a sentia deslizar pela garganta. Se tivesse algum dinheiro... Nem que fossem sete pence para uma caneca. Mas que lucrava em pensar nisso? Dois pence e meio na algibeira. Não podemos deixar os outros pagar o que bebemos.
- Deixe-me em paz, por amor de Deus! - bradou irritavelmente, afastando-se do alcance do outro e subindo a escada com rapidez, sem olhar para trás.
Flaxman rectificou a posição do chapéu na cabeça e seguiu para a porta, levemente melindrado. Gordon refletia com amargura que era sempre assim, nos tempos atuais. Passava a vida a esquivar-se a ofertas amigáveis. E claro que o dinheiro se encontrava na raiz de tudo, sempre o dinheiro. Uma pessoa não pode ser cordial ou mesmo delicada, sem dinheiro na algibeira. Assolou-o um espasmo de autocomiseração. O coração anelava pelo bar do Crlchton - o adorável odor de cerveja, as luzes brilhantes acolhedoras, as vozes alegres, o tilintar de copos no balcão salpicado de cerveja. Dinheiro, dinheiro! Continuou a subir a escada escura de cheiro hediondo. A perspetiva do seu quarto frio e solitário no topo da casa erguia-se na sua frente como uma condenação.
No segundo andar, vivia Lorenheim, uma criatura morena, ossuda, alagartada, de idade e raça incertas, que ganhava cerca de trinta e cinco xelins por semana com a venda de aspiradores.
Gordon passava sempre apressadamente diante da porta dele.