morte do pai, porém os homens, devido à sua incapacidade para ganhar a vida da forma conveniente, pertenciam ao género dos que «não se podem permitir ao luxo» de casar. Nenhum, à excepção da tia Ângela: de Gordon, teve' jamais um lar a que pudesse chamar seu; faziam parte das pessoas que vivem em «quartos» ímpios e pensões tumulares. E, ano após ano, iam morrendo, de banais embora dispendiosas enfermidades que tragavam os derradeiros pence do seu capital. Uma das mulheres, a tia Charlotte, ingressou no Asilo de Doentes
Mentais de Clapham, em 1916. Os Asilos de Doentes Mentais da Inglaterra desfrutam de uma reputação pouco lisonjeira. E são sobretudo as solteironas abandonadas das classes médias-médias que os mantêm em funcionamento. Em 1934, apenas sobreviviam três daquela geração: a: tia Charlotte, já mencionada, ai tia Ângela, a qual, graças a uma afortunada casualidade, fora Induzido a comprar uma casa e uma pequena anuidade' em 1912, e, o tio Walter, que existia modestamente com as escassas centenas de libras que restavam das suas cinco mil e dirigia «agências» de vida curta para isto e aquilo.
Gordon cresceu na atmosfera de roupa coçada e pescoço de carneiro estufado. O pai, à semelhança dos outros Comstock, era uma pessoa deprimida e, por conseguinte, deprimente, mas possuía alguns miolos e certa queda para a literatura. E, ao ver que a sua mente- era do tipo literário e tinha verdadeiro horror por tudo o que se relacionava com os números, pareceu absolutamente natural ao avozinho Comstock torná-lo guarda-livros diplomado. Trabalhou, pois, como guarda-livros diplomado, comprando o caminho de acesso a sociedades que se dissolviam um ou dois anos mais tarde, e o seu rendimento flutuava, umas vezes subindo até às quinhentas libras anuais e outras descendo às duzentas, mas sempre com tendência para diminuir. Morreu em 1922, com apenas cinquenta e seis anos, mas esgotado - sofria de problemas renais desde longa data.
Como os Comstock aparentavam distinção, mau grado a modéstia íntima, foi considerado necessário