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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 42
despender quantias elevadas com a «educação» de Gordon. Que coisa temível é o pesadelo da «educação»! Significa que, para enviar o filho para o tipo de estabelecimento de ensino apropriado (isto é, uma escola pública ou uma imitação satisfatória disso), o homem da classe média é obrigado a viver anos a fio segundo um estilo que mereceria o escárnio de um canalizador em regime de profissão livre. Assim, Gordon foi mandado para escolas deploráveis e pretensiosas cujas propinas rondavam as cento e vinte libras anuais, o que implicava notáveis sacrifícios em casa. Entretanto, Júlia, cinco anos mais velha que ele, não recebia, tanto quanto possível, qualquer educação. Na verdade, enviaram-na para um ou dois internatos modestos e decrépitos, mas «levaram-na» para sempre aos dezasseis anos. Gordon era o «rapaz» e Júlia «a rapariga», e parecia natural a todos que «a rapariga» fosse sacrificada a «o rapaz». Além de mais, fora há muito decidido na família que Gordon era «esperto». Gordon, com a sua maravilhosa «esperteza», obteria bolsas de estudo, triunfaria na vida e reconstituiria as fortunas da família - era esta a teoria, e ninguém acreditava nela mais firmemente do que Júlia. Esta era uma moça alta e desgraciosa, muito mais alta que o irmão, com rosto esguio e pescoço um tudo-nada longo de mais - uma daquelas raparigas que, mesmo nos períodos mais florescentes, fazem pensar irresistivelmente num ganso. No entanto, a sua natureza era simples e afectuosa. Podia considerar-se apagada, doméstica, com habilidade para engomar, coser e cerzir, uma alma de solteirona natural. Aos dezasseis anos, já tinha a expressão «velha solteirona» escrita por todo o corpo. Idolatrava Gordon. Vigiava-o, acarinhava-o, mimava-o, trajava andrajosamente para que ele pudesse apresentar-se com o aspecto apropriado na escola, e fazia economias no escasso dinheiro que lhe davam a fim de lhe comprar prendas de Natal e aniversário. E, evidentemente, ele retribuiu-lhe as gentilezas, logo que atingiu a idade adequada, desprezando-a porque não era bonita nem «esperta».

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pág. 42 (Capítulo 4)

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Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 42

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251