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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 43

Mesmo nas escolas de terceira ordem que Gordon frequentava, quase todos os rapazes eram mais ricos do que ele. Não tardaram, naturalmente, a inteirar-se da sua pobreza e fizeram-lhe passar maus bocados em virtude disso.

A maior crueldade que se pode infligir a uma criança é porventura enviá-la para uma escola frequentada por outras mais ricas. A criança consciente da pobreza sofre agonias snobes como um adulto quase nem pode imaginar. Naqueles tempos, em particular na sua escola preparatória, a vida de Gordon constituíra uma longa conspiração para permanecer numa posição digna e fingir que os pais eram mais abastados do que na verdade acontecia. Ah, a humilhação daqueles dias! A horrível situação, por exemplo, no início de cada período em que' se tornava necessário «entregar» ao director, publicamente, o dinheiro que trouxera, e os risinhos cruéis de desdém dos outros rapazes, quando não «entregava» dez xelins ou mais. E a ocasião em que os outros tinham descoberto que Gordon usava um fato de pronto-a-vestir que custara trinta e cinco xelins! Os momentos que ele mais temia eram os das visitas dos pais. Como ainda era crente, costumava rezar para que eles não aparecessem. O pai, em particular, era daqueles progenitores de que um filho não podia deixar de se envergonhar - um homem cadavérico, batido, de costas encurvadas, vestuário desoladoramente andrajoso e antiquado, que arrastava consigo uma atmosfera de malogro, preocupação e tédio. E tinha o detestável hábito, quando se despedia, de dar meia coroa a Gordon diante dos colegas, pelo que todos podiam ver que se tratava de uma quantia insignificante e não, como deveria ser, de dez xelins! Vinte anos mais tarde, a evocação daquela escola provocava-lhe um arrepio.

O primeiro efeito de tudo isto consistiu em proporcionar-lhe uma profunda reverência pelo dinheiro. Naquela época, detestava os parentes imersos na pobreza- o pai, a mãe, Júlia, todos. Detestava-os pelas suas miseráveis habitações, desmazelo, ausência de alegria perante a vida e preocupação constante por causa de quantias insignificantes.

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Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 43

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251