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Capítulo 4: Capítulo 4

Página 46
consumido e desalentado, a mãe, apagada, nervosa e «delicada» (os pulmões não se podiam considerar sãos), Júlia, já, aos vinte e um anos, uma escrava de trabalho obediente e resignada, que mourejava doze horas por dia e nunca possuía um vestido decente. No entanto, Gordon compreendia agora o que se passava com eles. Não se tratava meramente de falta de dinheiro. Apesar de não o possuírem, continuavam a viver mentalmente no mundo do dinheiro - o mundo em que' este é virtude e a pobreza, crime. Não fora a pobreza em si, mas o arrastar da pobreza respeitável que os aniquilara. Tinham aceitado o código do dinheiro, segundo o qual eram falhados. Nunca lhes acudira o impulso de se libertarem e viverem simplesmente, com ou sem dinheiro, como fazem as classes inferiores. Como estas têm razão! Descubramo-nos perante o operário de fábrica que, com apenas quatro pence, engravida a sua moça! Ao menos, esse tem sangue e não dinheiro nas veias.

Gordon ponderava tudo isso da maneira egoísta ingénua de um rapaz. "Há duas maneiras de viver», decidiu. «Uma pessoa pode ser rica ou recusar-se deliberadamente a sê-lo. Pode possuir dinheiro ou desprezá-lo - a atitude fatal é adorá-lo e, não conseguir obtê-lo.» Tomava como ponto assente que nunca conseguiria fazer fortuna. Quase nem lhe passava pela cabeça que podia: possuir talentos susceptíveis de serem tomados em consideração. Era o que os professores lhe tinham feito - haviam-no convencido de que constituía um simples empecilho e jamais «triunfaria» na vida. Ele' aceitava o facto. Nesse caso, renunciaria totalmente à ideia de «triunfar» e esmerar-se-ia por não «triunfar».

Mais valia reinar no inferno do que servir no céu. Aos dezasseis anos, já sabia de que lado se encontrava. Era contra o deus-dinheiro e todo o seu repelente sacerdócio. Declarara guerra ao dinheiro - mas em segredo, evidentemente.

O pai morreu quando ele tinha dezassete anos e deixou cerca de, duzentas libras. Júlia havia alguns anos que trabalhava. Durante 1918 e 1919, estivera num departamento do Governo, após o que frequentara um curso de

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Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 46

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251