As herdas densas dos mangas-de-alpaca que percorriam os túneis corno formigas num buraco no chão; multidões de homens-formigas, cada um com uma pasta na mão direita, jornal na esquerda e o receio do despedimento como um peso no coração. Como os corrói esse medo secreto! Em particular, nos dias de Inverno, o despedimento, o albergue, os bancos do Embankment! Ah!
Vivamente, o vento ameaçador varre
Os flexíveis choupos, recém-despidos,
E os tubos escuros das chaminés
Inclinam-se para baixo; fustigados por chicotes de ar,
Cartazes rasgados agitam-se; ecoam friamente
O ronco dos «eléctricos» e o ressoar de cascos,
E os mangas-de-alpaca que correm para a estação
Olham, tremendo, por cima dos telhados a leste, Pensando...
Em que pensam? Na iminência do Inverno. O meu lugar estará seguro? O despedimento significa o albergue. Circuncidai os prepúcios, disse o Senhor. Lambam a graxa dos sapatos do patrão. Sim!
Pensando cada um: «vem aí o Inverno! Faz Com que conserve o emprego este ano, Meu Deus!»
E sombriamente, enquanto o frio lhes penetra
Nas entranhas, qual lença gelada,
Pensam...
«Pensar», mais uma vez. Não importa. Em que pensam? No dinheiro, dinheiro! Na renda, nos preços, nos impostos, nas contas do colégio, nos passes sociais, nos sapatos para os filhos. E na apólice do seguro de vida e nos magros salários. E, meu Deus, se a esposa voltar a engravidar? Terei rido suficientemente alto com a anedota que o patrão contou ontem? E na próxima prestação do aspirador.
Meticulosamente, experimentando prazer com a sua meticulosidade, dominado pela sensação de colocar peça após peça de um quebra-cabeças no lugar apropriado, congeminou mais uma estância:
Pensam na renda, nos preços, nos passes sociais,
No seguro, no carvão para aquecimento, nos magros salários,
No calçado, nas contas do colégio e na próxima prestação
Das duas camas de casal do Dreqe's
Nada mau, nada mau mesmo. Completá-lo-ia mais tarde. Mais quatro ou cinco estâncias. Ravelston imprimi-lo-ia.
Um estorninho empoleirava-se nos ramos desnudos de um plátano, piando melancolicamente como costumam fazer nos dias de Inverno mais cálidos, quando pensam que a Primavera está à porta.