Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 5: Capítulo 5

Página 70
Na base do tronco, sentava-se um gato pardo, imóvel, de boca aberta, o olhar virado para cima, esperançado em que a ave caísse nela. Gordon repetiu para consigo as quatro estâncias terminadas do poema. Era bom. O que o levara a pensar, na véspera, que era mecânico, fraco e vazio? Podia considerar-se um poeta. Passou a caminhar mais empertigado, quase com arrogância, com a altivez de um poeta. Gordon Comstock, autor de Ratos. O suplemento literário do Times qualificara-o de excepcionalmente prometedor. Também autor de Prazeres Londrinos, pois esse novo trabalho ficaria igualmente concluído em breve. Ele sabia agora que o podia terminar quando desejasse. Que razão o fizera desesperar? Talvez levasse uns três meses, a tempo de sair no Verão. Vislumbrou na mente a configuração «esguia» de Prazeres Londrinos - o papel excelente, as margens largas, o agradável tipo Caslon, a bela sobrecapa. -

«Uma obra fora do vulgar»", suplemento literário do Times. «Uma agradável variante da escola Sitwell», Scrutiny.

Coleridqe Grove era uma rua húmida, sombria e silenciosa, um beco-sem-saída e, por conseguinte, desprovida de trânsito. Pairavam sobre ela associações literárias do género errado (constava que Coleridge passara aí seis semanas, no Verão de 1821). Não era possível contemplar as casas decrépitas, antecedidas de pequenos jardins com árvores pesadas, sem sentir uma atmosfera opressiva de «cultura» antiquada. Decerto ainda floresciam Sociedades Browning em algumas delas, e damas de sarja de arte sentavam-se aos pés de poetas extintos para conversarem sobre Swinburne e Walter Pater. Na Primavera, os jardins eram pulverizados com crocos roxos e amarelos e mais tarde com campainhas, para brotarem em pequenos aros Wendy entre a relva anémica. E até as árvores, parecia a Gordon, correspondiam ao ambiente circundante e contorciam-se em caprichosas atitudes Rackhamescas. Era singular que um crítico próspero como Paul Doring vivesse em semelhante lugar. Na realidade, tratava-se de um crítico impressionantemente mau.

<< Página Anterior

pág. 70 (Capítulo 5)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 70

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251