Sangue Azul - Cap. 13: VOLUME II – 1 Pág. 141 / 287

As maneiras do almirante Croft não eram exactamente do género que agradasse a Lady Russell, mas encantavam Anne, para quem a bondade do seu coração e a simplicidade do seu carácter eram irresistíveis.

- Isto deve ser muito desagradável para si - observou ele, despertando de súbito de um pequeno devaneio -, vir e encontramos aqui. Acredite, não tinha pensado nesse aspecto antes, mas sim, deve ser muito desagradável. No entanto, não esteja com cerimónias. Levante-se e percorra as salas todas da casa, se lhe apetecer.

- Obrigada, mas agora não. Fica para outra ocasião.

- Bem, como quiser. Pode entrar, vinda dos bosques, em qualquer altura, e verificará que mantemos os nossos guarda-chuvas pendurados junto da porta. Um bom lugar, não acha? Não - corrigiu, contendo-se -,"não acha com certeza um bom lugar porque vocês os guardavam sempre na sala do mordomo. Creio que é sempre assim: a maneira de fazer as coisas de um homem pode ser tão boa como a de outro, mas todos nós gostamos de pensar que a nossa é a melhor. E, por conseguinte, deve julgar pessoalmente se seria melhor para si percorrer a casa ou não.

Anne, achando que devia declinar o convite, declinou, mas cheia de gratidão.

- Também fizemos muito poucas mudanças - continuou o almirante, depois de pensar um momento. - Muito poucas. Falámos-lhe da porta da lavandaria, em Uppercross. Isso foi uma grande benfeitoria. O que me espanta é que alguma família deste mundo pudesse suportar durante tanto tempo o inconveniente de ela abrir como abria! Diga a Sir Walter o que fizemos, e que Mr. Shepherd acha que foi a maior benfeitoria que a casa jamais teve. Aliás, devo fazer a nós mesmos a justiça de dizer que as poucas alterações que efectuámos foram todas muito para melhor.





Os capítulos deste livro