Sangue Azul - Cap. 17: 5 Pág. 180 / 287

- Mas nós não combinaríamos.

Lady Russell não fez caso das suas palavras e disse apenas, em resposta:

- Confesso que poder ver-te como a futura senhora de Kellynch, a futura Lady Elliot, esperar ver-te ocupar o lugar da tua querida mãe, herdar todos os seus direitos e toda a sua popularidade, assim como todas as suas virtudes, seria para mim a maior satisfação possível. Tu és exactamente a tua mãe em expressão e temperamento, e se me fosse possível imaginar-te tal como ela era em situação, nome e casa, presidindo e abençoando no mesmo lugar, e só superior a ela no facto de seres mais altamente apreciada... ah, minha querida Anne, isso dar-me-ia mais prazer do que frequentemente é possível sentir na minha idade!

Anne foi obrigada a voltar o rosto, a levantar-se e a afastar-se para uma mesa distante, onde, inclinada, fingindo estar a fazer alguma coisa, tentou dominar os sentimentos que aquele quadro despertara nela. Durante alguns momentos a sua imaginação e o seu coração ficaram fascinados. A ideia de vir a ser o que a sua mãe fora, de ter o querido nome de «Lady Elliot» ressuscitado em primeiro lugar em si, ser reintegrada em Kellynch e chamar-lhe de novo a sua casa, a sua casa para sempre, era um encanto a que foi incapaz de resistir imediatamente. Lady Russell não disse mais nada, desejosa de que o assunto seguisse o seu curso natural e próprio e convencida de que, se naquele momento Mr. Elliot pudesse falar, com propriedade, por si mesmo... Em suma, acreditava naquilo em que Anne não podia acreditar. A mesma imagem de Mr. Elliot a falar por si mesmo devolveu a serenidade a Anne. O charm de Kellynch e de «Lady Elliot» dissipou-se. Ela nunca o poderia aceitar. E isso não se devia apenas ao facto de os seus sentimentos continuarem avessos a todos os homens menos um.





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