Sangue Azul - Cap. 21: 9 Pág. 228 / 287

- Mas ela não era uma mulher de muito baixa condição?

- Era, e eu desaprovava isso, mas ele não queria saber. Dinheiro, dinheiro, era tudo quanto queria. O pai dela era um engordador de gado, o avô tinha sido açougueiro, mas isso não significava nada. Ela era uma excelente mulher, tivera uma educação decente, foi apresentada por uns primos, lançada por acaso no convívio de Mr. Elliot e apaixonou-se por ele. E não houve da parte dele nenhuma dificuldade ou escrúpulo quanto ao seu nascimento. Todo o seu cuidado se concentrou em assegurar-se do verdadeiro montante da sua fortuna, antes de se comprometer. Acredite, seja qual for a estima que Mr. Elliot possa ter pela sua posição na vida, agora, não lhe merecia a mínima consideração, quando era jovem. A sua possibilidade de herdar a propriedade de Kellynch valia alguma coisa, mas a honra da família era para ele uma ridicularia. Ouvi-o muitas vezes declarar que se as baronias fossem vendáveis, qualquer um poderia ter a sua por cinquenta libras, com brasão, divisa, nome e libré incluídos. Mas eu não tenciono repetir metade do que costumava ouvi-lo dizer a esse respeito. Não seria justo. No entanto, a Anne precisa de ter provas, pois o que é tudo isto senão afirmações? E terá provas.

- Na verdade, minha querida Mrs. Smith, não preciso delas.

Não me disse nada que contradiga o que Mr. Elliot parecia ser há alguns anos. Tudo confirma, antes, aquilo que costumávamos ouvir, e em que acreditávamos. Tenho mais curiosidade em saber por que motivo ele é agora tão diferente.

- Mas eu quero mostrar-lhas, para minha satisfação. Se quiser ter a bondade de tocar a chamar a Mary... espere, tenho a certeza de que terá a bondade ainda maior de ir pessoalmente ao meu quarto e trazer a pequena caixa marchetada que encontrará na prateleira superior do armário.





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