Sangue Azul - Cap. 23: 11 Pág. 262 / 287

De qualquer maneira, disse eu, seria melhor do que um noivado prolongado.

- Era isso precisamente que eu ia dizer - declarou Mrs. Croft. - Eu preferiria que dois jovens se casassem imediatamente com um pequeno rendimento, e tivessem de se debater juntos com algumas dificuldades, a um longo noivado. Acho sempre que nenhum...

- Oh, minha cara Mrs. Croft - exclamou Mrs. Musgrove, sem deixar a outra acabar o que estava a dizer -, não há nada que eu deteste tanto, para a gente nova, como um longo noivado. Sempre me opus a tal coisa para os meus filhos. É muito bonito, costumo dizer, os jovens ficarem noivos, desde que exista uma certeza de que poderão casar-se dentro de seis meses, ou mesmo doze, mas um noivado longo, nunca!

- Tem toda a razão, minha querida senhora - concordou Mrs. Croft -, isso ou um noivado incerto, um noivado que possa ser demorado. Começar sem saber que em determinada data haverá os meios necessários para o casamento, é uma coisa que eu considero muito insegura e insensata e que, penso, todos os pais deviam impedir o mais possível.

Anne encontrou um interesse inesperado nesta passagem. Sentiu que se aplicava a si própria, sentiu-o num frémito nervoso que a percorreu toda, e no mesmo momento que os seus olhos olhavam instintivamente na direcção da mesa distante, a pena do capitão Wentworth imobilizou-se, ele ergueu a cabeça e parou a escutar, e no instante seguinte voltou-se para lançar um olhar, um olhar rápido e intencional, a Anne.

As duas senhoras continuaram a conversar, a pugnar de novo pelas mesmas verdades aceites e a reforçá-las com exemplos dos efeitos adversos de uma prática contrária que tinham chegado ao seu conhecimento, mas Anne não ouvia nada claramente, aos seus ouvidos chegava apenas um zumbido de palavras, a sua cabeça estava numa grande confusão.





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