Sangue Azul - Cap. 23: 11 Pág. 263 / 287

O capitão Harville, que na realidade não ouvira nada do que fora dito, levantou-se do seu lugar e dirigiu-se para uma janela, e Anne, parecendo observá-lo, embora o seu espírito estivesse ausente, deu-se pouco a pouco conta de que ele a convidava a juntar-se-lhe lá. Olhava-a com um sorriso e um pequeno movimento da cabeça, que parecia significar: «Venha cá, tenho uma coisa para lhe dizer. E o ar singelo e a afabilidade natural dos seus modos, que denotavam os sentimentos de um conhecido mais antigo do que ele realmente era, reforçavam o convite de maneira muito forte. Anne levantou-se e foi ter com ele. A janela ficava no extremo oposto daquele onde as duas senhoras estavam sentadas, e embora mais próxima da mesa do capitão Wentworth, não muito perto dela. Quando Anne se lhe reuniu, o semblante do capitão Harville readquiriu a expressão séria e pensativa que parecia ser a sua feição natural.

- Olhe - disse, desfazendo um embrulho que tinha na mão e mostrando um pequeno quadro em miniatura -, sabe quem é?

- Com certeza, é o capitão Benwick.

- Sim, e pode calcular a quem se destina. Mas - o tom da sua voz tornou-se intenso - não foi feito para ela. Miss Elliot, lembra-se de caminharmos juntos em Lyme e o lamentarmos? Mal imaginava eu, então... mas isso não importa. Isto foi feito no Cabo. Ele conheceu lá um jovem e talentoso artista alemão e, satisfazendo uma promessa que tinha feito à minha pobre irmã, posou para ele e trouxe isto para ela. E eu agora fui incumbido de o emoldurar convenientemente para outra! Foi a mim que isso foi pedido! Mas quem mais poderia fazê-lo? Acho que consigo dar-lhe desconto por isso. Não, palavra que não estou triste por o transmitir a outra. Ele encarrega-se disso - olhou na direcção do capitão Wentworth -, está precisamente a escrever a esse respeito.





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