Sangue Azul - Cap. 23: 11 Pág. 276 / 287

Fiquei alarmado e chocado. Até certo ponto, podia refutar isso de imediato; mas quando comecei a reflectir que outros podiam estar convencidos do mesmo - a própria família dela, sei lá, talvez ela mesma -, deixei de me sentir senhor de mim. Era dela pela honra, se Louisa assim o desejasse. Fora descuidado. Não pensara a sério no assunto antes. Não reflectira que a minha excessiva intimidade podia acarretar o perigo de más consequências em muitos aspectos, e que não tinha o direito de experimentar se me podia afeiçoar a qualquer das raparigas, correndo o risco de originar rumores desagradáveis, mesmo que não provocasse outros efeitos nocivos. Cometera um erro grosseiro e tinha de sofrer as consequências.

Em resumo, descobrira tarde de mais que se metera em complicações - e que, precisamente quando adquirira a certeza absoluta de não amar Louisa, tinha a obrigação de se considerar preso a ela, se os sentimentos dela por ele fossem os que os Harville supunham. Isso decidiu-o a sair de Lyme e aguardar o restabelecimento completo de Louisa noutro lugar. De bom grado atenuaria, por quaisquer meios legítimos, fossem quais fossem os sentimentos ou especulações que pudessem existir a seu respeito; e, por isso, foi para casa do irmão, tencionando regressar, passado algum tempo, a Kellynch e agir consoante as circunstâncias exigissem.

- Estive seis semanas com o Edward - disse -, e vi-o feliz.

Não podia ter nenhum outro prazer. Nem o merecia. Ele perguntou especialmente por si, quis até saber se estava fisicamente mudada, sem imaginar que, aos meus olhos, a Anne nunca mudaria.

Ela sorriu, sem comentários. Era um erro tão agradável que não merecia censura. É maravilhoso para uma mulher garantirem-lhe, aos vinte e oito anos, que não perdeu um só encanto da antiga juventude.





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