da vossa união! Considerá-la como o desejo certo de todos aqueles que podiam influenciá-la! Considerar que, mesmo que os seus próprios sentimentos fossem relutantes ou indiferentes, a ele não faltariam apoios importantes! Não acha isso suficiente para fazer de mim o idiota que sem dúvida aparentei ser? Como podia eu assistir àquilo sem angústia? Ver aquela amiga sentada atrás de si, a recordação do que se tinha passado, o conhecimento da sua influência, a indelével e imperecível impressão do que a persuasão conseguira fazer uma vez - não era tudo isso contra mim?
- Devia ter sabido distinguir - respondeu Anne. - Agora não devia ter duvidado de mim, sendo a situação tão diferente, e tão diferente a minha idade. Se eu errei ao ceder uma vez à persuasão, lembre-se de que foi à persuasão exercida a favor da segurança e não do risco. Quando eu cedi, pensei ser esse o meu dever; mas agora dever algum podia estar em jogo. Casando-me com um homem que me era indiferente, incorreria, sim, em todos os riscos e violaria todos os deveres.
- Talvez eu devesse ter raciocinado desse modo - admitiu ele -, mas não pude. Não soube beneficiar do conhecimento recente que adquirira sobre o seu carácter. Não fui capaz de tirar proveito dele: esse conhecimento estava esmagado, soterrado, perdido naqueles sentimentos que me tinham atormentado ano após ano. Eu só conseguia pensar em si como aquela que cedera, que tinha desistido de mim, que se tinha deixado influenciar por outra pessoa, e não por mim. Via-a com essa mesma pessoa que a tinha orientado nesse ano de infelicidade. Não tinha razão nenhuma para acreditar que ela tivesse agora menos autoridade. E havia a acrescentar a força do hábito.
- Eu pensava que a minha atitude para consigo poderia ter-lhe poupado muito de tudo isso - observou Anne.