Sangue Azul - Cap. 23: 11 Pág. 280 / 287

houve a conversa agradável da perfeita naturalidade; com o capitão Harville, a troca de palavras agradáveis entre irmão e irmã; com Lady Russell, tentativas de conversa que um delicioso sentimento de consciência da situação interrompeu; com o almirante e Mrs. Croft, uma cordialidade peculiar e um interesse fervoroso, que o mesmo sentimento procurou ocultar - e com o capitão Wentworth alguns momentos muito repetidos de comunicação e, sempre, a esperança de mais, e, sempre, o saber que ele estava ali!

Foi num desses breves encontros, com cada um deles aparentemente ocupado a admirar uma excelente colecção de plantas de estufa, que ela disse:

- Tenho estado a pensar no passado, e a tentar julgar imparcialmente o certo e o errado. Quero dizer, com respeito a mim própria. E tenho de acreditar que estive certa, por muito que tenha sofrido com isso, que estive absolutamente certa ao deixar-me guiar pela amiga de que aprenderá a gostar mais do que gosta agora. Para mim, ela ocupava o lugar de uma progenitora. No entanto, não me interprete mal. Não estou a dizer que ela não errou nos seus conselhos. Talvez tenha sido um daqueles casos em que o conselho é bom ou mau apenas conforme os acontecimentos decidem - e eu, pessoalmente, jamais, em quaisquer circunstâncias de razoável similaridade, daria tais conselhos. Mas o que quero dizer é que procedi bem submetendo-me a ela, e que se tivesse procedido de outro modo teria sofrido mais continuando o noivado do que sofri renunciando a ele, porque teria sofrido na minha consciência. Na medida em que tal sentimento é consentido à natureza humana, não tenho agora nada que me censurar, e, se não estou enganada, uma forte noção do dever não é uma coisa má nos dons de uma mulher.

Ele olhou-a, olhou para Lady Russell e, voltando a olhar para Anne, respondeu, como se falasse com fria deliberação:

- Ainda não é o caso, mas há esperança de ela ser perdoada com o tempo.





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