Sangue Azul - Cap. 6: 6 Pág. 53 / 287

As suas maneiras eram francas, naturais e decididas, como as de alguém que tem toda a confiança em si e nenhuma dúvida quanto ao que deve fazer - sem que, no entanto, daí adviesse qualquer vislumbre de rudeza ou falta de bom humor. Anne acreditou realmente na existência de sentimentos de grande consideração para consigo, em tudo quanto se relacionava com Kellynch, e isso agradou-lhe, especialmente porque tivera a certeza, logo no primeiro meio minuto, no próprio momento da apresentação, de não existir o mínimo sintoma de algum conhecimento ou suspeita, da parte de Mrs. Croft, susceptível de gerar qualquer tipo de preconceito. Sentiu-se completamente à vontade a esse respeito e, consequentemente, cheia de força e coragem, ao ponto de se sentir momentaneamente emocionada quando, de súbito, Mrs. Croft disse:

- Verifico que foi consigo, e não com a sua irmã, que o meu irmão teve o prazer de travar conhecimento, quando esteve nesta região.

Anne esperava ter ultrapassado a idade de se ruborizar; mas não ultrapassara, com certeza, a da emoção.

- Talvez não tenha sabido que ele casou - acrescentou Mrs. Croft.

Anne estava agora em condições de responder como devia, mas teve a felicidade de perceber, quando as palavras seguintes de Mrs. Croft esclareceram que era de Mr. Wentworth que estava a falar, que não tinha dito nada que não pudesse aplicar-se a qualquer dos irmãos. Sentiu imediatamente quanto era razoável que Mrs. Croft estivesse a pensar e a falar de Edward e não de Frederick, e envergonhada com o seu esquecimento empenhou-se em tomar conhecimento do estado presente do seu antigo vizinho com o devido interesse.

O resto decorreu na maior tranquilidade, até ao momento em que, quando estavam a preparar-se para partir, ouviu o almirante dizer a Mary:

- Esperamos a chegada aqui, em breve, de um irmão de minha mulher.