Sangue Azul - Cap. 6: 6 Pág. 55 / 287

quando eles saíram, a mamã lembrou-se de que esse Wentworth, ou lá o que é, era o nome do comandante do Richard, em dada altura, não sei quando nem onde, mas muito antes de ele morrer, coitadinho! Ela foi ver as suas cartas e as suas coisas e descobriu que era verdade, não estava enganada, que é perfeitamente possível que seja o mesmo homem, e a sua cabeça só pensa nisso e no pobre Richard! Por esse motivo temos de nos mostrar todos o mais alegres possível, para ela não ficar a remoer nessas coisas tão tristes.

As verdadeiras circunstâncias deste patético episódio da história da família eram que os Musgrove haviam tido a infelicidade de ter um filho muito cheio de problemas e irresponsável, e a sorte de o perderem antes de ele completar os vinte anos; que ele fora mandado para o mar por ser estúpido e incontrolável em terra; que fora muito pouco estimado pela família, fosse em que altura fosse, embora não menos do que merecia, e que raramente dera notícias e quase nunca fora lamentado até a notícia da sua morte no estrangeiro ter chegado a Uppercross, dois anos atrás.

Embora as irmãs fizessem agora tudo o que podiam por ele, chamando-lhe «pobre Richard», ele não fora na realidade nada mais do que um teimoso, insensível e inútil Dick Musgrove, que nunca fizera nada para ter direito a mais do que o diminutivo do seu nome, vivo ou morto.

Passara vários anos no mar e, no decurso das transferências a que todos os aspirantes estão sujeitos, em especial aqueles de que todos os comandantes desejam ver-se livres, estivera seis meses a bordo da fragata do capitão Frederick Wentworth, a Laconia, de onde, sob a influência do seu comandante, escrevera as únicas duas cartas que o pai e a mãe receberam dele durante toda a sua ausência - isto é, as únicas duas cartas desinteressadas, pois todas as outras tinham sido meros pedidos de dinheiro.





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