Sangue Azul - Cap. 8: 8 Pág. 74 / 287

- Ah!... Mas, Charles, diz ao capitão Wentworth que não precisa de ter receio de mencionar o pobre Dick na minha presença, pois até seria um prazer ouvir um tão bom amigo falar dele.

Charles, um pouco mais consciente das probabilidades do caso, limitou-se a acenar com a cabeça e a afastar-se.

As raparigas estavam agora ocupadas a procurar o Laconia, e o capitão Wentworth não resistiu ao prazer de tomar o precioso volume nas próprias mãos e poupar-lhes o trabalho, e mais uma vez leu alto o pequeno relato acerca do seu nome e categoria, e presente classe de fora de serviço, observando a seu respeito que fora também um dos melhores amigos que um homem podia ter.

- Ah, bons dias aqueles em que tive o Laconia! Com que rapidez ganhei dinheiro nele. Um amigo meu e eu, fizemos juntos um cruzeiro maravilhoso, ao largo das Ilhas Ocidentais. Pobre Harville, minha irmã! Sabes como ele precisava de dinheiro mais ainda do que eu próprio. Era casado. Um excelente tipo! Nunca esquecerei a sua felicidade. Tudo por amor da mulher. Desejei tê-lo de novo comigo no Verão seguinte, quando tive a mesma sorte no Mediterrâneo.

- E eu tenho a certeza, sir - disse Mrs. Musgrove -, de que foi um dia venturoso para nós, quando o colocaram como comandante nesse navio. Nós nunca esqueceremos o que fez.

Os seus sentimentos faziam-na falar baixo, e o capitão Wentworth, que só ouviu parte das suas palavras e provavelmente tinha Dick Musgrove longe do pensamento, pareceu na expectativa, como se aguardasse que ela dissesse mais alguma coisa.

- O meu irmão - murmurou uma das raparigas -; a mamã está a pensar no pobre Richard.

- Pobre querido! - continuou Mrs. Musgrove. - Ele tornou-se tão seguro e tão bom correspondente, enquanto esteve sob o seu cuidado! Ah, teria sido uma felicidade se nunca o tivesse deixado.





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