- Posso perguntar-lhe, senhor - disse Summerlee com uma calma ameaçadora-em que qualidade anda a distribuir ordens?
Challenger ficou escarlate.
- Ajo, Professor Summerlee, na qualidade de chefe desta expedição.
- Eis-me obrigado a dizer-lhe, cavalheiro, que não lhe reconheço tal capacidade.
- Realmente! - disse Challenger saudando-o com uma civilidade sarcástica. - Nesse caso, talvez queira definir a minha posição exacta nesta aventura?
- Sim, senhor. O senhor é um homem cuja boa fé está submetida a verificação. E esta comissão encontra-se aqui para verificá-la. Não se esqueça, senhor, de que se acha na companhia dos seus juízes.
- Meu Deus!-exclamou Challenger, sentando-se no rebordo de uma das canoas. - Nesse caso seguirão, claro, o vosso próprio caminho e eu seguirei o meu, a meu gosto. Se não sou o chefe, não contem que vos guie por mais tempo.
Graças ao Céu havia ali dois homens sãos de espírito: Lorde Roxton e eu. Empregámo-nos, pois, a impedir a vaidade e a estupidez dos nossos dois sábios de se exasperarem ao ponto em que teríamos de voltar a Londres de mãos vazias! Ah!, como foi preciso argumentar, discutir, explicar, antes de trazê-los à compostura! Por fim, Summerlee foi o primeiro a partir com o cachimbo e a zombaria, enquanto Challenger continuava a resmungar. Por sorte descobrimos que os nossos dois sábios partilhavam da mesma opinião (pouco lisonjeira!) acerca do Dr. Illingworth, de Edimburgo: foi essa a nossa única garantia de segurança. De cada vez que a situação ficava tensa, um de nós atirava com o nome do zoólogo escocês; logo os dois professores se uniam para lançar o anátema sobre o infortunado colega.