Avançávamos em fila indiana ao longo do curso de água, que em breve se reduziu ao estado de fiozinho para se perder, por fim, num lago pântano verde de espumas esponjosas em que nos enterrávamos até aos joelhos. O local estava infestado por nuvens de mosquitos e todas as espécies de pestes voadoras. Por isso foi com alívio que reencontrámos terra firme; para o conseguir, havíamos contornado as árvores que ladeavam aquele pântano e deixado para trás o seu arfar de órgãos e a sua carga de insectos.
Dois dias depois de termos abandonado as embarcações verificamos uma mudança súbita no aspecto da região. O nosso caminho subia constantemente e, à medida que ganhávamos altura, os bosques adelgaçavam-se e perdiam a sua exuberância tropical. As árvores enormes da planície constituída pelos aluviões do Amazonas cediam lugar aos coqueiros e às fénix que brotavam em molhos disseminados, ligados entre si por silvados espessos. Nos recantos mais húmidos as palmeiras estendiam as suas graciosas frondescências. Caminhávamos guiados unicamente pela bússola e aconteceram uma ou duas divergências de apreciação entre Challenger e os dois índios: para citar as palavras indignadas do Professor, «todo o grupo estava de acordo para se fiar nos instintos enganadores de selvagens não desenvolvidos em vez de fazê-lo em relação ao mais alto produto da cultura moderna da Europa!», Mas não estávamos errados ao conceder a nossa confiança aos índios, porque no terceiro dia Challenger admitiu que tinha reconhecido diversos pontos de referência que datavam da sua primeira viagem; num local encontrámos também quatro pedras enegrecidas pelo fogo que deviam ter feito parte do acampamento.