Fizemos o ponto da situação e chegámos a acordo para decidir que a melhor hipótese consistia em prosseguir a nossa inspecção em redor do planalto na esperança de achar um outro acesso. A altura dos escarpamentos tinha diminuído consideravelmente; a sua linha dirigia-se de oeste para norte. Na pior das hipóteses, estaríamos de regresso ao nosso ponto de partida ao cabo de alguns dias.
No dia seguinte caminhámos durante cerca de 35 quilómetros, sem nada descobrir. O nosso aneróide (isto posso eu mencionar!) provou-nos que, no decorrer da subida contínua desde que tínhamos abandonado as embarcações, nos encontrávamos agora a mais de mil metros acima do nível do mar. Daí uma alteração considerável na temperatura e na vegetação. Tínhamo-nos desembaraçado quase completamente da horrível promiscuidade dos insectos, o flagelo dos trópicos. Ainda sobreviviam algumas palmeiras e muitos fetos arborescentes, mas as árvores da Amazónia não passavam de uma recordação. Confesso que o espectáculo dos volubilis, flores da Paixão e das begónias surgindo no meio dos rochedos nada hospitaleiros me emocionou porque me fez lembrar a Inglaterra... Vi uma begónia exactamente do mesmo vermelho que certa begónia num vaso à janela de uma vivenda de Streatham... Mas as reminiscências pessoais não têm nada a ver com esta narrativa. Uma noite (ainda me refiro ao nosso primeiro dia de peregrinação em redor do planalto) uma grande experiência aguardava-nos: varreu para sempre todas as dúvidas que tivéssemos podido conservar acerca dos fenómenos extraordinários que povoavam aquele local.