A boca entreabriu-se para uma fungadela que teve todo o ar de uma maldição e exibiu caninos pontiagudos e recurvados. Pelo espaço de um instante li-lhe claramente ódio e ameaças no olhar. Depois, estes sentimentos cederam lugar a um medo incontrolável, louco. A criatura mergulhou desesperadamente na verdura das folhas, quebrou dois ou três ramos... Avistei um corpo peludo, como o de um porco encarniçado, que desapareceu.
- O que e que se passa? - gritou Roxton de baixo. - Alguma coisa vai mal?
- Viu-o? - berrei, agarrado ao meu ramo e de nervos à flor da pele.
- Ouvimos um ruído, como se o seu pé tivesse escorregado. O que era?
Sentia-me tão perturbado com a aparição deste homem-macaco que hesitei: la descer para contar o acontecido aos meus companheiros ou prosseguiria a ascensão? Tinha já chegado tão alto que recuei diante da vergonha de descer sem ter levado a bom termo a minha missão.
Depois de uma pausa que me serviu para recuperar o fôlego e a coragem, recomecei a trepar. Uma vez tive de agarrar-me à justa com as mãos porque um ramo apodrecido tinha cedido, mas no conjunto não foi uma ascensão difícil. Progressivamente, as folhas ficavam mais claras e o vento que me varria o rosto advertia-me de que estava quase na copa da mais alta das árvores da floresta. Mas resolvera não inspeccionar as cercanias antes de ter atingido o ponto mais elevado: assim, fiz das tripas coração (era caso disso!) para chegar ao ultimo ramo, que se curvou com o meu peso, mas retomei o equilíbrio e, numa segurança relativa, pude contemplar o deslumbrante panorama daquela maravilhosa região.