Foi um passeio extraordinário cuja lembrança conservarei aée ao último dos meus dias. Quando encontrava clareiras banhadas de luar contornava-as rastejando na sombra. Na selva caminhava quase de gatas e parava de coração a bater quando ouvia ruídos de ramos partidos provocados, sem dúvida, pela passagem de animais enormes. De vez em quando, surgiam indistintamente na noite grandes silhuetas que logo desapareciam: silhuetas maciças, silenciosas, que erravam à caça sem fazer barulho. O numero de vezes que me detive para repetir para comigo que ir mais para diante seria uma loucura é incalculável. Contudo, o orgulho venceu o medo e tornei a partir sempre em frente a fim de alcançar o meu objectivo.
Enfim (pelo meu relógio era uma da manhã), vi água a bilhar através do extremo da minha selva: dez minutos mais tarde encontrava-me diante dos caniços que cercavam o lago central. Sentia muita sede; inclinei-me por cima da água e bebi vários golos: estava gelada. No sítio onde me encontrava havia uma espécie de pista larga com toda a espécie de marcas. Achava-me, sem qualquer dúvida diante do bebedoiro natural dos hóspedes terríveis e misteriosos do planalto. Na borda do lago erguia-se um grande bloco de lava isolado; escalei-o e obtive assim uma vista muito completa dos arredores.
A primeira coisa que distingui encheu-me de estupefacção.
Quando descrevera o panorama que tinha observado da copa da minha grande árvore, dissera que no escarpamento notara um certo número de manchas escuras que tinha assimilado às entradas de cavernas.