O Mundo Perdido - Cap. 13: Capítulo 13 Pág. 188 / 286

Agora, ao olhar na direcção desses mesmos rochedos, via discos luminosos orientados em todas as direcções: como as vigias de transatlântico, à noite. Durante um momento julguei que se tratasse de lascas de lava provenientes de uma acção vulcânica qualquer; mas era impossível. Uma acção vulcânica produzir-se-ia numa cavidade e não a meia altura do escarpamento. Nesse caso, que hipótese arriscar? Uma só, era maravilhosa, mas que devia ser verdadeira: aquelas manchas avermelhadas deviam ser reflexos de fogueiras no interior das cavernas, de fogueiras que apenas a mão do homem pudera acender. Havia, portanto, seres humanos no planalto? Ah, como se achava justificada a minha expedição! Que notícias a levar para Londres!

Fiquei um bom momento a contemplar estas manchas vermelhas, frementes de luz. Suponho que deviam situar-se a uma quinzena de quilómetros dali. Mas mesmo a tal distância podia notar que, a intervalos, eles piscavam ou escondiam-se como se alguém passasse à sua frente. Como teria, portanto, querido poder rastejar até lá, lançar um olhar indiscreto pela abertura dessas cavernas e fazer aos meus companheiros um relato circunstanciado do aspecto e carácter da raça que vivia num local tão estranho! Por agora isso estava fora de causa. Mas podíamos deixar o planalto sem ter esclarecido este ponto capital?

O Lago Gladys - o meu lago - estendia-se diante de mim, tal como um lençol de mercúrio; a Lua reflectia-se no seu centro, tranquilamente. Era pouco profundo, porque vários bancos de areia emergiam à tona de água.





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