O Mundo Perdido - Cap. 13: Capítulo 13 Pág. 195 / 286

Era tão alta que a minha mão não pode alcançar o extremo e pareceu-me coberta de gordura.

Lembrei de que tinha na algibeira uma caixa de fósforos-velas.

Risquei um e pude formar uma opinião precisa acerca do sítio onde caíra. Encontrava-me mesmo numa armadilha e numa armadilha preparada pela mão do homem. O poste do meio, que tinha três metros de comprimento, estava talhado em bico na sua extremidade superior, e tinha escurecido pelo sangue apodrecido dos animais que nele se tinham empalado. Os restos espalhados à volta eram pedaços dos que tinham sido cortados a fim de a estaca ficar livre para uma próxima vítima. Recordei-me de que Challenger afirmara que o homem não teria sobrevivido neste planalto, dadas as fracas armas de que dispunha contra os monstros que o habitavam. Mas agora era evidente que pudera sobreviver! Nas suas cavernas com orifícios estreitos os indígenas, fossem quem fossem, possuíam refúgios onde os grandes sáurios eram incapazes de penetrar; e os• seus cérebros evoluídos haviam tido a ideia de estabelecer armadilhas recobertas com ramagens em pleno meio de pistas frequentadas pelos animais ferozes; a força e a violência destes achavam-se, portanto, vencidas.

A parede não era num declive tão acentuado que um homem ágil não pudesse escalá-la. Mas hesitei muito tempo antes de arriscar-me: não iria voltar a cair nas patas do animal ignóbil que me tinha perseguido? Ele não estaria escondido atrás de uma moita, à espreita de uma vítima que teria forçosamente que reaparecer?





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