O Mundo Perdido - Cap. 13: Capítulo 13 Pág. 196 / 286

Recuperei, contudo, a coragem, ao rememorar uma discussão entre Challenger e Summerlee acerca dos hábitos dos grandes sáurios. Ambos tinham chegado a acordo para afirmar que não eram inteligentes, que nos seus cérebros minúsculos não havia lugar para a razão e a lógica e que se tinham desaparecido do resto do mundo fora, sobretudo, por causa da sua estupidez congénita que os impedira de adaptar-se a novas condições de existência.

Se o animal estava à minha espreita, isso correspondia a dizer que compreendera o que me sucedera e que conseguira, portanto, estabelecer uma ligação entre a causa e o efeito. Era muito pouco verosímil que um animal sem cérebro, unicamente inspirado pelo instinto de ferocidade, se mantivesse de atalaia após a minha desaparição; devia ter ficado, sem dúvida, espantado e depois partira para outro sítio à procura de nova presa. Trepei até à beira da cova para observar as cercanias. As estrelas tornavam baço o seu brilho, o céu empalidecia e o vento frio da manhã soprou-me agradavelmente no rosto. Não detectei nenhum sinal do inimigo. Emergi então lentamente todo o meu corpo, saí e sentei-me no chão, pronto a saltar para a armadilha se surgisse um perigo qualquer. Tranquilizado pela calma absoluta e pela luz do dia que começava, enchi-me a de coragem e voltei a percorrer a pista que seguira para fugir. No caminho, apanhei a espingarda e, em breve, dei com o ribeiro que me tinha servido de guia. Ainda fremente à horrível aventura, retomei o caminho do Forte Challenger...





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