Lorde John murmurou que, não possuindo os conhecimentos bastantes, nada tinha a argumentar. Quanto a mim refugiei-me no meu papel habitual, isto é, trazer os meus companheiros à terra com uma observação prosaica; declarei que faltava um dos índios.
- Foi buscar água - respondeu Lorde John. - Demos-lhe uma lata de conserva vazia e partiu.
- Na direcção do Forte Challenger? - perguntei.
- Não, do ribeiro. Nas árvores, muito perto. Não há mais de duzentos metros. Mas vai devagar, é tudo!
- Vou ver o que ele anda a fazer - disse eu.
Peguei na espingarda e caminhei sem me apressar na direcção do ribeiro. Pode parecer-lhe surpreendente que eu haja deixado o refúgio do nosso matagal acolhedor mas lembre-se, se faz favor, de que nos encontrávamos a vários quilómetros da cidade dos homens-macacos, que não tínhamos qualquer razão para supor que eles haviam descoberto o nosso retiro e que com uma espingarda na mão eu não tinha medo deles. Ainda não conhecia toda a sua astúcia e toda a sua força.
Algures à minha frente, o ribeiro gorjeava, mas entre ele e eu havia uma porção de árvores e de arbustos. Aventurei-me e, exactamente num sítio que do seu esconderijo os meus companheiros não podiam avistar, notei uma espécie de embrulho vermelho no meio das moitas. Aproximei-me: era o corpo do índio que faltava. Estava deitado sobre o flanco, os membros puxados para cima e a cabeça fazia com o corpo um ângulo muitíssimo estranho: dava a impressão de olhar a direito por cima das costas.
