Capítulo 15: Capítulo 15
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Soltei um grito para alertar os meus camaradas e debrucei-me sobre o cadáver. Seguramente o meu anjo da guarda protegia-me! Foi um temor instintivo ou um frémito ligeiro nas folhas que me fez levantar a vista? O caso é que, da grande ramagem espessa que pendia por cima da minha cabeça, vi descer dois braços compridos e musculosos cobertos de pêlos vermelhos. Meio segundo mais tarde, e aquelas duas mãos ter-me-iam apertado a garganta. Dei um salto para trás mas, apesar da minha prontidão, as mãos foram ainda mais lestas. O meu salto impediu-as de me apertarem com um golpe mortal, mas uma delas agarrou-me pela nuca e a outra pelo queixo. Levantei as mãos para proteger a garganta; uma pata gigantesca apoderou-se delas. Içado ligeiramente acima do solo, senti uma pressão intolerável que me puxava a cabeça para trás, cada vez mais para trás, até que o esforço para a primeira vértebra cervical foi demasiado violento para eu poder suportá-lo. Tudo girou à minha volta, mas tive a força de puxar a mão que aprisionara as minhas e retirá-la do queixo. Olhei para cima e avistei uma cara horrível, com olhos azuis-claros, inexoráveis, que mergulhavam os meus. Havia naquele olhar terrível uma força hipnótica que me impedia de lutar por muito mais tempo. Quando o animal sentiu que eu começava a ceder, brilharam dois caninos brancos em cada lado da sua boca hedionda, e o seu abraço apertou-se sobre o meu queixo, forçando-o a vir para trás ... Um nevoeiro fino, opalino, formou-se-me à frente da vista, e senti campainhas a tocarem-me nos ouvidos.
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Páginas: 286
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