O Mundo Perdido - Cap. 15: Capítulo 15 Pág. 231 / 286

Elevou-se imediatamente um formidável grito de alegria das embarcações: os indígenas puseram-se de pé, agitaram as pagaias e as lanças; foi um momento de verdadeiro delírio colectivo. Depois curvaram-se novamente para retomarem as suas tarefas e as canoas voaram na água para encalharem no areal em forma de encosta. Os índios saltaram, então, para terra e correram a prosternar-se em frente do jovem chefe. Esfalfavam-se a manifestar a sua alegria. Finalmente, um homem idoso precipitou-se para beijar com toda a ternura o rapaz que tínhamos salvo: este velho usava um colar e uma pulseira confeccionados com grandes bagos de cristal luminoso; aos ombros estava atada a pele mosqueada, cor de âmbar, de um animal muito belo. Encarou-nos e fez algumas perguntas; perante as respostas que lhe foram dadas, avançou na nossa direcção com uma dignidade cheia de nobreza e beijou-nos um por um. Depois deu uma ordem e toda a tribo se prosternou diante de nós para nos render homenagem. Pessoalmente sentia-me intimidado e pouco à vontade perante uma tal adoração obsequiosa; li sentimentos análogos nos rostos de Lorde John e de Summerlee; mas Challenger resplandeceu como uma rosa ao sol.

- São talvez homens não desenvolvidos - disse-nos, espetando a barba para frente -, mas o seu comportamento diante de homens superiores poderia servir de lição a alguns dos nossos europeus que se julgam avançados. Os instintos do homem natural são decididamente tão correctos como estranhos!





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