Era preciso ter uma fé robusta no objectivo último para achar justificados os meios empregues! Quando atravessámos os bosques descobrimos homens-macacos postos a monte e atravessados por lanças e flechas; era para assinalar os sítios onde os antropóides haviam vendido mais cara a vida. À nossa frente continuavam a ressoar os gritos e os uivos que mostravam em que direcção se encetara a perseguição. Os homens-macacos tinham sido empurrados para a sua cidade; aí haviam tentado uma suprema resistência, que fora quebrada; assistimos à trágica apoteose da vitória dos índios.
Oitenta ou cem machos, os derradeiros sobreviventes, tinham sido conduzidos para a pequena clareira que bordejava o escarpamento, mesmo no local onde dois dias antes havíamos realizado a nossa façanha. Quando chegámos, os lanceiros índios estavam formados em semicírculo à volta deles: num minuto ficou tudo acabado. Uns quarenta homens-macacos morreram logo. Os outros, agonizando de terror, foram precipitados no vazio e quebraram os ossos nos bambus duzentos metros mais abaixo, suplício que eles haviam infligido aos seus próprios prisioneiros. Challenger tinha-o dito: o reino do homem estava assegurado para sempre na Terra de Maple White!... A cidade dos homens-macacos foi destruída, os machos exterminados até ao derradeiro, as fêmeas e as crianças submetidas à escravatura; a longa rivalidade que durava há séculos, e cuja história nunca fora contada, acabava de ser coroada com o seu fim sangrento.
A vitória trouxe também para nós próprios muitas vantagens.
