O Mundo Perdido - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 34 / 286

- ...Após, como disse, a sua expulsão bem merecida, o motivo está na resposta que deu ao polícia; julguei discernir nela um lampejo de bom sentimento... melhor, em todo o caso, do que os que até aqui a sua profissão me testemunhou. Admitindo que a responsabilidade do incidente lhe pertencia, administrou a prova de um certo desprendimento de espírito e de uma largueza de vistas que me impressionaram favoravelmente. A subespécie da raça humana a que desgraçadamente pertence manteve-se sempre abaixo do meu horizonte mental. As suas palavras elevaram-no, de súbito, acima dela e, assim, deu nas vistas. Foi por esta razão que lhe pedi que voltasse a entrar a fim de poder travar um mais amplo conhecimento consigo. Queira depositar a cinza no pequeno cinzeiro japonês, na mesa de bambu que está junto do seu cotovelo esquerdo.

Tinha proferido tudo isto no tom de um professor que se dirige à sua turma. Fizera rodar a cadeira giratória por forma a fazer-me face, e estava sentado tão inchado como uma rã gigantesca bramidora. Bruscamente virou-se de lado, e tudo o que vi dele foi uma orelha vermelha, saliente, debaixo de cabelos hirsutos. Procurava entre o maço de papéis que tinha na secretária. E em breve, segurando na mão que me pareceu ser um álbum de esboços rasgados, colocou-se novamente em frente de mim.

- Vou falar-lhe da América do Sul - começou. - Nada de comentários, se faz favor! Primeiro, pretendo que compreenda que nada do que lhe disser se destina a ser comunicado, seja de que forma for, ao público sem minha autorização expressa. Esta autorização, segundo todas as probabilidades humanas, nunca lha darei. Está claro?

- Difícil! - disse eu. - Certamente um relato judicioso...





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