Voltou a poisar o álbum na secretária. 
- Terminado! Desejo-lhe um dia feliz. 
- Não, não! - exclamei. - Submeto-me a todas as suas condições. Aliás, não tenho outra alternativa! 
- Não, é pegar ou largar! 
- Ora bem, então prometo... 
- Palavra de honra? 
- Palavra de honra! 
Encarou-me: brilhava-lhe um cepticismo nos olhos insolentes. - Afinal que sei eu da sua honra? 
- Decididamente, senhor - protestei com uma veemência furiosa -, toma comigo grandes liberdades! Nunca fui ofendido assim em toda a minha vida! 
Esta saída pareceu mais interessá-lo do que incomodá-lo. 
- Cabeça redonda - murmurou. - Braquicéfalo. Olhos cinzentos. Cabelos pretos. Uma tendência para o negróide. Celta, presumo? 
- Sou irlandês, senhor. 
- Irlandês irlandês? 
- Sim, senhor. 
- Eis a explicação. Vejamos: prometeu-me que seguraria a língua? As confidências que vou fazer-lhe serão forçosamente restritas. Mas sinto-me disposto a dar-lhe algumas indicações interessantes. Primeiramente, sabe, sem dúvida, que há dois anos fiz uma viagem à América do Sul: viagem que ficará clássica na história científica do mundo. O seu objectivo era verificar algumas conclusões de Wallace e de Bates, o que só podia ser feito observando os factos que eles haviam anotado, nas mesmas condições que tinham encontrado. Pensei que se a minha expedição não alcançasse este resultado, mesmo assim valia a pena ser tentada, mas um incidente curioso produziu-se enquanto me encontrava lá e orientou-me para uma investigação completamente nova.