- ...Um desenho executado por um americano vagabundo que podia encontrar-se sob a influência do haxixe ou da febre, ou que muito simplesmente satisfizesse os caprichos de uma imaginação mórbida. O senhor, homem de ciência, não pode defender uma semelhante posição!
Para me responder, o professor foi buscar um livro a uma prateleira.
- Aqui tem - disse-me - uma excelente monografia cujo autor é o meu talentoso amigo Ray Lankester. Contém uma ilustração que vai interessá-lo... Ah, cá está ela! Tem por legenda estas palavras: «Aspecto provável, quando vivia, do estegossauro, dinossauro jurássico; só a pata traseira é duas vezes maior do que um homem de altura normal.» Hem, o que diz a isto?
Estendeu-me o livro aberto. Sobressaltei-me quando vi a ilustração. Neste animal reconstituído de um mundo morto entrava seguramente uma grande semelhança com o desenho do americano. - É notável! - disse eu.
- Mas não definitivo, na sua opinião?
- Pode tratar-se de uma coincidência, a menos que esse americano tenha visto outrora uma imagem semelhante e a haja conservado na memória de onde a projectou no decurso de uma crise de delírio.
- Muito bem! - disse com indulgência o Professor Challenger - Deixemos, por enquanto, as coisas como estão. Quererá observar agora este osso?
Passou-me o osso que me dissera ter achado no saco do morto.
Tinha à vontade quinze centímetros de comprimento, era mais grosso do que o meu polegar e exibia numa extremidade alguns vestígios de cartilagem seca.
- A que criatura conhecida pertence este osso? - Interrogou o professor.
Virei-o em todos os sentidos, procurando recordar-me de conhecimentos já meio esquecidos.
- Uma clavícula humana muito espessa?