Avançaremos, pois, às apalpadelas e pacientemente para desenterrá-la... Deixemos agora esse americano morto de esgotamento e retomemos a nossa narrativa. Como calcula, eu não estava interessado em abandonar a Amazónia sem ter aprofundado esta história. Procurei respigar algumas informações acerca da direcção de onde viera o nosso viajante: serviram-me de guia lendas índias; descobri, com efeito, que as tribos ribeirinhas evocavam correntemente uma região estranha. Naturalmente ouviu falar de Curupuri?
- Nunca.
- Curupuri é o espírito das florestas: algo de terrível, algo de malévolo, algo a evitar... Ninguém pode descrever nem a sua forma nem a sua natureza, mas é um nome que espalha o pavor nas margens do Amazonas. Além disso, todas as tribos estão de acordo quanto a situar aproximadamente o local onde vive Curupuri. Ora dessa direcção viera precisamente o americano. Suspeitei, portanto, de algo de terrível por aqueles sítios: era dever meu descobrir o que era.
- E que fez o senhor?
A minha irreverência havia desaparecido. Aquele homem maciço forçava a minha atenção e o meu respeito.
- Ultrapassei a extrema reserva dos indígenas: até se repugnam só de falar de Curupuri! Mas através de ofertas, do meu poder de persuasão, também de certas ameaças, ,devo dizê-lo, de coerção, consegui que me dessem dois guias. Apos diversas aventuras que não preciso de recordar, após ter franqueado uma distancia que não definirei, após ter caminhado numa direcção que guardo para mim, alcançámos enfim uma vasta planície que nunca foi descrita nem visitada, excepto pelo meu infortunado predecessor.