O Mundo Perdido - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 61 / 286

Waldron, aturdido, passou em revista a fila de professores na tribuna, até que os seus olhos se poisaram em Challenger muito enterrado na cadeira e de olhos fechados: tinha uma expressão feliz, parecendo sorrir enquanto dormia.

- Estou a ver! - disse Waldron, encolhendo os ombros. - É o meu amigo Professor Challenger!

E, no meio de risos, retomou o fio da sua conferência, como se tivesse fornecido uma explicação concludente e não necessitasse de dizer mais nada.

Mas o incidente andava longe de estar encerrado. Fosse qual fosse o caminho por onde enveredasse o conferencista para nos conduzir às regiões inexploradas do passado, desembocava invariavelmente na conclusão de que a vida pré-histórica se encontrava extinta; e, não menos invariavelmente, esta conclusão provocava logo o mesmo rugido do professor. A assistência pôs-se a antecipar o acontecimento e a rugir de prazer quando ele se produzia. As galerias de estudantes entraram na brincadeira; cada vez que a barba de Challenger se abria, antes que saísse um som, cem vozes berravam:

- Essa agora!

A que se opunham vozes também numerosas: - Ordem! É uma vergonha!

Waldron, embora fosse um conferencista endurecido e um homem robusto, acabou por arreliar-se. Hesitava, gaguejava, repetia-se, embarcava em longas frases nas quais se perdia... Finalmente, voltou-se furioso para o responsável dos seus aborrecimentos:

- Isto é realmente intolerável! - gritou. - Vejo-me na obrigação de solicitar-lhe, Professor Challenger, que ponha termo a essas interrupções grosseiras que transpiram ignorância!





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