O Mundo Perdido - Cap. 7: Capítulo 7 Pág. 80 / 286

Assim, se eu nunca mais voltar a Inglaterra, subsistirá pelo menos um testemunho sobre a origem e os cavaleiros andantes deste caso. Escrevo estas últimas linhas no salão do paquete Francisca, e o barco-piloto transmiti-las-á aos bons cuidados de Mr. McArdle. Antes de encerrar este caderno, permitam-me pintar um derradeiro quadro: um quadro que será a suprema lembrança da velha pátria que levo no coração. A manhã está brumosa, húmida; uma manhã desta última Primavera: cai uma chuva fina e fria. Três silhuetas vestidas com impermeáveis encharcados descem o cais e dirigem-se para o pontão reservado ao grande paquete sobre o qual flutua o pavilhão de pronto a largar. Precedendo-os, um carregador empurra um carrinho onde estão empilhadas malas, cobertores, caixas de espingardas. O Professor Summerlee, tão comprido como melancólico, arrasta os pés e baixa a cabeça: tem o ar de sentir vergonha de si próprio. Lorde John Roxton caminha alegremente; o seu perfil agudo e ardente desenha-se bem entre o casaco de caça e o chapéu de lã. Quanto a mim, alegro-me por estarem para trás os dias esgotantes dos preparativos e as angústias do adeus: sem qualquer dúvida, o meu comportamento exprime-o. No momento preciso em que embarcamos, ouvimos um grito no cais: e o Professor Challenger; tinha prometido assistir à nossa partida. Ei-lo que corre para nos falar: arrebatado, congestionado, irascível.

- Não, obrigado! - declara. - Prefiro não subir a bordo.





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