A Origem das Espécies - Cap. 6: CAPÍTULO V
LEIS DA VARIAÇÃO Pág. 183 / 524

por que seria ainda frequentemente variável num grau muito mais elevado do que outras partes; pois a variação é um processo lento e prolongado, e a selecção natural em tais casos não terá tido ainda tempo suficiente para superar a tendência para a variabilidade suplementar e a reversão a um estado menos modificado. Mas quando uma espécie com qualquer órgão extraordinariamente desenvolvido se torna a antecessora de muitos descendentes modificados - o que na minha perspectiva tem de ser um processo muito lento, exigindo um longo intervalo de tempo - neste caso, a selecção natural pode ter prontamente conseguido dar um carácter fixo ao órgão, por muito extraordinário que seja o seu desenvolvimento. As espécies que herdam de uma antecessora comum uma constituição quase idêntica e estão sujeitas a influências semelhantes tenderão naturalmente a apresentar variações análogas, e estas mesmas espécies podem ocasionalmente reverter a alguns caracteres dos seus progenitores antigos. Ainda que reversão e variação análoga possam não dar origem a modificações novas e importantes, tais modificações contribuirão para a bela e harmoniosa diversidade da natureza.

Seja qual for a causa de cada diferença ligeira na prole dos seus progenitores - e todas têm de ter uma causa - é a constante acumulação de tais diferenças através da selecção natural, quando são benéficas para o indivíduo, que dá origem às mais importantes modificações de estrutura, que torna os inumeráveis seres que habitam a superfície da Terra capazes de lutar entre si e os mais bem adaptados a sobreviver.





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