A Origem das Espécies - Cap. 9: CAPÍTULO VIII HIBRIDISMO Pág. 297 / 524

Gärtner insiste ainda que, quando quaisquer duas espécies, embora muitíssimo intimamente próximas entre si ao mais alto grau, são cruzadas com uma terceira, os híbridos são muito diferentes entre si; ao passo que se duas variedades muito distintas, pertencentes a uma espécie se cruzam com outra espécie, os híbridos não diferem muito. Mas esta conclusão, tanto quanto compreendo, funda-se numa única experiência; e parece directamente oposta aos resultados de diversas experiências feitas por Kölreuter.

Estas, e só estas, são as diferenças sem importância, para que Gärtner pode chamar a atenção, entre as plantas híbridas e as mistas. Por outro lado, a semelhança nos mistos e nos híbridos com os seus respectivos progenitores, mais especialmente nos híbridos produzidos a partir de espécies quase aparentadas, segue, de acordo com Gärtner, as mesmas leis. Quando duas espécies são cruzadas, uma tem por vezes um poder preponderante de transmitir a sua semelhança ao híbrido; e creio que o mesmo sucede com as variedades de plantas. Com os animais, uma variedade tem decerto frequentemente este poder preponderante sobre outra variedade. As plantas híbridas produzidas a partir de um cruzamento recíproco assemelham-se geralmente entre si na perfeição; e o mesmo sucede com os mistos de um cruzamento recíproco. Tanto os híbridos como os mistos podem ser reduzidos a uma ou outra forma antecessora pura, por cruzamentos repetidos em gerações sucessivas com uma ou outra antecessora.

Estas diversas observações são aparentemente aplicáveis aos animais; mas o assunto é aqui excessivamente complicado, em parte devido à existência de caracteres sexuais secundários; mas mais especialmente devido à preponderância na transmissão da semelhança ser mais forte num dos sexos do que no outro, tanto quando uma espécie é cruzada com outra como quando uma variedade é cruzada com outra variedade.





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