A Origem das Espécies - Cap. 11: CAPÍTULO X
SOBRE A SUCESSÃO GEOLÓGICA DOS SERES ORGÂNICOS Pág. 365 / 524

O Professor Owen alargou subsequentemente a mesma generalização aos mamíferos do Velho Mundo. Observamos a mesma lei nas reconstituições que este autor faz das extintas aves gigantes da Nova Zelândia. Observamo-la também nas aves das grutas do Brasil. O Sr. Woodward mostrou que a mesma lei se aplica aos moluscos marinhos, mas, devido à ampla distribuição da maioria dos géneros de moluscos, isto não é evidente neles. Poder-se-ia acrescentar outros casos, como a relação entre os moluscos terrestres extintos e vivos da Madeira; e entre os moluscos extintos e vivos que habitam as águas salobras do Mar Aral-Cáspio.

O que significa esta admirável lei da sucessão dos mesmos tipos nas mesmas áreas? Muito ousado seria quem depois de comparar o actual clima da Austrália e partes da América do Sul na mesma latitude, procurasse explicar, por um lado, a dissemelhança dos habitantes destes dois continentes pela dissemelhança de condições físicas, e, por outro lado, a uniformidade dos mesmos tipos em cada continente durante os últimos períodos terciários pela semelhança de condições. Tão-pouco se pode fingir que é uma lei imutável os marsupiais produzirem-se principal ou exclusivamente na Austrália; ou que os Edentados e outros tipos americanos se tenham produzido unicamente na América do Sul. Pois sabemos que a Europa em épocas antigas foi povoada por numerosos marsupiais; e mostrei, nas publicações a que se aludiu, que na América a lei da distribuição dos mamíferos terrestres, noutros tempos, era diferente do que é hoje. Outrora, a América do Norte partilhou fortemente o actual carácter da parte meridional do continente; e a parte meridional foi outrora mais intimamente próxima do que é hoje a metade setentrional. Analogamente, sabemos pelas descobertas de Falconer e Cautley que outrora a Índia Setentrional, pelos seus mamíferos, tinha uma relação mais próxima com África do que hoje em dia.





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