A Origem das Espécies - Cap. 12: CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Pág. 400 / 524

Estes casos de relação sem identidade, dos habitantes de mares hoje separados, e também dos habitantes do passado e do presente das terras temperadas da América do Norte e da Europa, são inexplicáveis com base na teoria da criação. Não podemos afirmar que foram criadas semelhantes, em correspondência com as condições físicas quase similares dessas áreas; pois se comparamos, por exemplo, certas partes da América do Sul com as regiões meridionais dos continentes do Velho Mundo, vemos regiões intimamente correspondentes em todas as suas condições físicas, mas com habitantes completamente dissemelhantes.

Mas temos de regressar ao nosso tema mais premente, o período glacial. Estou convencido de que a perspectiva de Forbes pode ser muito alargada. Na Europa, temos os indícios mais evidentes do período frio, desde as costas ocidentais das Ilhas Britânicas à cordilheira dos Urais, e para sul até aos Pirenéus. Podemos inferir, pelos mamíferos congelados e a natureza da vegetação montanhesa, que a Sibéria foi similarmente afectada. Ao longo dos Himalaias, em pontos separados por uma distância de 900 milhas, os glaciares deixaram as marcas da sua profunda descensão anterior; e em Sikkim, o Dr. Hooker viu crescer milho sobre antigas moreias gigantes. A sul do equador, temos indícios directos de acção glacial anterior na Nova Zelândia; e as mesmas plantas, descobertas nesta ilha em montanhas muito distantes entre si, contam a mesma história. Se podemos confiar numa explicação que foi publicada, temos alguns indícios directos da acção glacial no Sudeste australiano.

Olhando para a América: na metade setentrional, foram observados fragmentos rochosos no gelo, no lado oriental até 36°-37° de latitude a sul, e nas costas do Pacífico, onde o clima é hoje tão diferente, até 46° de latitude a sul; também se avistou pedregulhos irregulares nas Montanhas Rochosas.





Os capítulos deste livro