E à medida que as plantas e animais migravam para sul, ter-se-ão misturado numa grande região com. as produções americanas nativas, tendo de competir com estas; e com as do Velho Mundo na outra grande região. Consequentemente, temos aqui tudo o que é favorável a muita modificação - a muito mais modificação do que no caso das produções alpinas, que ficaram isoladas, num período muito mais recente, nas diversas cordilheiras e nas terras árcticas dos dois Mundos. Assim veio a ser que, quando comparamos as produções que vivem hoje nas regiões temperadas do Novo e Velho Mundos, descobrimos pouquíssimas espécies idênticas (embora Asa Gray tenha mostrado recentemente que mais plantas do que anteriormente se supunha' são idênticas), mas encontramos em cada grande classe muitas formas, que alguns naturalistas classificam como variedades geográficas e outros como espécies distintas; e uma multidão de formas intimamente próximas ou representativas classificadas por todos os naturalistas como especificamente distintas.
Como na terra, também nas águas do mar uma lenta migração para sul de fauna marinha, que durante o Plioceno ou mesmo num período um pouco anterior, foi quase uniforme ao longo do litoral contínuo do Círculo Polar, explicará, segundo a teoria da modificação, muitas formas intimamente próximas que hoje vivem em áreas completamente desligadas. Assim, penso que podemos compreender a presença de muitas formas existentes terciárias e representativas nas praias orientais e ocidentais da América do Norte temperada; e o caso ainda mais impressionante de muitos crustáceos intimamente próximos (como descrito na obra admirável de Dana), de alguns peixes e outros animais marinhos, no Mediterrâneo e nos mares do Japão - áreas hoje separadas por um continente e por quase um hemisfério de oceano equatorial.
