Certo dia, Cyrus Smith resolveu tentar uma nova experiência.
Foi buscar o desconhecido que, como de costume, estava acocorado perto da janela a olhar o céu.
- Venha, meu amigo! - disse-lhe.
O pobre levantou-se imediatamente e seguiu o engenheiro até à beira-mar. Deu alguns passos pela espuma das ondas e os olhos brilharam-lhe com uma animação que os colonos ainda não lhe tinham visto. Em seguida, e sem esboçar qualquer movimento de fuga, acompanhou Cyrus Smith à embocadura do Mercy e ao planalto. Uma vez lá chegados, o desconhecido estacou, encheu o peito de ar e aspirou inebriado os cheiros doces da floresta próxima... Grossas lágrimas escorreram-lhe, então, pelas faces torturadas.
Cyrus, olhando-o de frente, com as mãos pousadas nos seus ombros, disse emocionado:
- Meu amigo, se é capaz de chorar, é porque é novamente um homem! O certo é que, desde esse dia, o desconhecido começou a dar mostras de querer partilhar das tarefas da pequena colónia.
Passava a maior parte do tempo no planalto, a trabalhar nas culturas sem um instante de repouso. Os outros, por recomendação do engenheiro, abstinham-se de o incomodar e deixavam-no à vontade. Era agora evidente para todos que o homem ouvia e compreendia tudo perfeitamente, mantendo apenas a obstinação de não falar.
Alguns dias mais tarde, seria já Novembro, estava ele a cavar no planalto, deixou cair a enxada; Cyrus, que estava ali perto, viu que lhe corriam de novo lágrimas pela cara abaixo...
Aproximou-se e tocou-lhe levemente num braço.