CAPÍTULO III Mal descarregaram a lenha da jangada, o primeiro cuidado de Pencroff foi tornar as Chaminés mais habitáveis e acolhedoras.
Havia que vedar as correntes de ar, e o marinheiro pôs-se a encher as fendas entre os pedregulhos com areia, pedras, terra molhada e ramos entrelaçados. As Chaminés ficaram, assim, divididas em quatro compartimentos abrigados do vento e da humidade, com chão de areia fina e seca e altura suficiente para um homem estar de pé, pelo menos na divisão do meio, que era a maior.
- Agora os nossos amigos já podem voltar, que a casa está pronta para os receber! - disse Pencroff, todo satisfeito.
Faltava, porém, tratar da lareira e preparar a refeição. O primeiro corredor da esquerda foi o escolhido, por ter um bom escoamento para o fumo. O marinheiro assentou lajes de pedra no chão, sobre as quais colocou alguns toros de madeira; a restante provisão de lenha foi depois cuidadosamente arrumada num dos compartimentos do abrigo. De repente, o jovem Harbert perguntou a Pencroff se tinha fósforos.
- Pois claro! Felizmente que tenho! - respondeu este.
- Sem fósforos estávamos bem arranjados!
E deitou a mão ao colete, à procura da caixa de fósforos de que nunca se separava, como fumador que era. Mas da caixinha nem sinal! Procurou e tornou a procurar em todos os bolsos, sem qualquer resultado...
- Não a terias deitado fora, Pencroff, quando estávamos na barquinha? - perguntou o rapaz.
- Isso é que era bom! Nunca... mas com tantos piparotes que levámos, pode ter caído. Olha, o meu cachimbo também se foi!
O marinheiro estava desesperado. Ajudado por Harbert, pôs-se a procurar a pequena caixa de cobre por todo o lado; esquadrinharam a areia palmo a palmo, viram entre os seixos, voltaram ao sítio onde haviam atravessado o canal, à curva do rio, ao planalto.