TERCEIRA PARTE: O SEGREDO DA ILHA - CAPÍTULO I Não cabia a menor dúvida: era um navio! Iria passar ao largo ou aportaria à ilha? Dentro de poucas horas, certamente, os nossos amigos ficariam a saber com o que podiam contar...
Cyrus Smith e Harbert chamaram de imediato Gedeão Spilett, Pencroff e Nab ao salão da Casa de Granito. O marinheiro, empunhando o óculo de longo alcance, deteve-se sobre o ponto indicado, correspondente à pequeníssima mancha na película fotográfica.
- Com mil diabos, é mesmo um navio! - exclamou, em tom alarmado. - Mas, por enquanto, é cedo para dizer que rumo leva... Só se vêem os mastros.
Os colonos mantiveram-se em silêncio, entregues a todos os temores, mas também a todas as esperanças, que lhes suscitava aquele inesperado acontecimento, o mais grave e importante desde a sua chegada. Era certo que a ilha Lincoln, dominada pelo monte Franklin, não escaparia à atenção dos vigias do navio desconhecido... Mas dar-se-iam ao trabalho de fundear ali? E para quê? Seria lógico atribuir a simples acaso a presença do navio naquelas paragens? Ora os mapas não mencionavam qualquer porção de terra naquela zona do Pacífico, à excepção da pequena ilha Tabor, e mesmo esta fora das rotas habituais das embarcações de longo curso em demanda dos ilhéus polinésios, da Nova Zelândia ou da costa americana.
Harbert cortou o silêncio:
- Não será o Duncan?
Ora o Duncan - como os nossos leitores estarão lembrados - era o iate de Lorde Glenarvan, o escocês que ordenara o degredo de Ayrton na ilha Tabor.
- É preciso chamar Ayrton - recomendou Spilett.Apenas ele nos poderá dizer se é, ou não, o Duncan.
Dito isto, o repórter dirigiu-se ao aparelho telegráfico que estabelecia a ligação entre a Casa de Granito e o curral, e tratou de expedir a mensagem.