CAPÍTULO VII Os colonos, uma vez mais, não duvidaram: a execução dos cadastrados devia-se ao protector desconhecido. Mas como? Que meios extraordinários possuía aquele homem para actuar tão rapidamente e em tão absoluto silêncio? Guardaram para a luz do dia o exame aos cadáveres, esperando obter com isso alguma resposta, e voltaram para junto do companheiro, que desfalecera. Pela madrugada, Ayrton, já mais recomposto, pôde finalmente relatar a odisseia que vivera nos últimos três meses.
Mal tinha chegado ao curral, em Novembro passado, fora logo surpreendido pelos bandidos que, escalando a paliçada, o amarraram e amordaçaram. Em seguida, levaram-no para uma caverna na base do vulcão, onde tinham montado o esconderijo.
A sua morte já havia sido decidida, quando um dos facínoras o reconheceu como antigo companheiro de crimes, tratando-o mesmo por Ben Joyce, nome pelo qual era conhecido na Austrália. Aí, os piratas, que se dispunham a massacrar o honesto colono, resolveram poupar o degredado! Não se tratava, porém, de um acto de solidariedade desinteressada; apenas pretendiam servir-se dele, Ayrton, para enganar os colonos e lhes franquear o acesso à Casa de Granito! Uma vez lá, eliminariam os defensores e tomariam posse da ilha. Mas ele recusara colaborar naquele plano, preferindo a morte a trair os amigos. Começaram, então, as torturas e os espancamentos, sempre amarrado naquele antro escuro.
Os facínoras nunca julgaram prudente ocupar o curral, apenas dele se servindo para aprovisionamento; era o que lá tinham ido fazer dois deles, quando os colonos apareceram, naquele dia em que Harbert foi ferido e Cyrus Smith abateu um deles. Raivosos e cada vez mais impacientes, os piratas intensificaram os maus tratos a Ayrton.