CAPÍTULO III - Foram ao fundo! - exclamou Harbert, correndo para o elevador seguido por Nab e Pencroff.
- Mas... mas o que é que aconteceu? - perguntava Gedeão Spilett, verdadeiramente estupefacto.
- Ah! Desta vez, sim! É desta que vamos ficar a saber... - murmurava o engenheiro, de olhos brilhantes e voz embargada pela emoção, como se falasse consigo mesmo.
- A saber o quê? - interessou-se Spilett.
- Mais tarde falamos. Venha daí, Spilett! O importante é que esses piratas foram exterminados!
Cyrus Smith, Spilett e Ayrton juntaram-se aos outros, na praia. Do brigue nem sinal, sequer da mastreação! Depois de levantado pelo inexplicável turbilhão, virara-se de lado e nessa posição fora ao fundo. Todavia, dada a pouca profundidade do canal, era de esperar que na baixa-mar o costado ficasse à vista e acessível. Alguns salvados flutuavam já na corrente - mastros, vergas, caixotes e barricas - não se descortinando, porém, fragmentos da estrutura do navio, bocados do casco ou do convés, por exemplo... Tal facto adensava ainda mais o mistério da explosão.
- E os seis bandidos que fugiram pela margem direita do Mercy? - lembrou, de repente, Gedeão Spilett.
- Pensaremos neles mais tarde! - respondeu Smith. - Ainda são perigosos porque estão armados, mas, enfim, são seis contra seis... Agora as forças estão equiparadas. Neste momento, vamos ao que importa!
Com efeito, urgia impedir que os salvados à deriva fossem puxados para o largo. Ayrton e Pencroff correram para o bote e trataram de recolher mastros, vergas e velas que, depois de amarrados, rebocavam para a praia. Alguns cadáveres começavam também a ser arrastados para o mar alto pela vazante, e tão rapidamente que nem puderam ser recolhidos para posterior sepultura.